29 de maio de 2009

Ato I: Crainças da Noite

Capitulo I

“A noite esta fria e clara, as estrelas são as tochas desta noite um tanto... tenebrosa, a cidade está com um ar enigmático, todos sabem que algo acontecera. Mas quando? o que esta noite reserva a Sociedade do Sangue de Caim?"

Toledo, 2 de março de 1185...


Pelas vielas desertas de um burgo Castelão. Apenas um homem, aos passos rápidos caminha na escuridão. A aparência do rapaz não chama a atenção bem como suas roupas. Ele era um nobre, mas não portava brasão algum. O olhar distante e temeroso pela noite fria fazia-o suar, mas como? Sua pele era robusta, tão saudável quanto qualquer castelão que podia ver a luz do sol. Ele ofegava, mas com que motivação? Muitas poderiam pensar em sua caminhada, mas sua mente trabalhava realmente, não por ser um erudito ou nobre, mas por ter em suas veias a herança maldita de Caim...


Em outra parte da cidade, não tão longe dali, no Baronato de La Vega, dois homens estão a conversar. Homens? Não, não são homens, mas criaturas noturnas, porem a noite não chega a assustá-las, pois elas são feitas de escuridão, não em seus corpos, mas em seus corações. “Bem, meu filho...”, indaga o homem de cor moura, a cor da noite e do seu coração. “Esta é uma grande noite para você, para o nosso sangue. Infelizmente devo me ausentar por uns tempos, mas acredito e confio em você.”. Ele continua até que o jovem a sua frente retruca. “Não vou decepcioná-lo El Padriño, nem a ti, nem ao vosso sangue. A Noite é aliada de nossas almas, pois estão ligadas de forma divina e não hei de quebrar esse laço.”


Os Burgos castelões escondem muitos segredos, mercadores de varias partes da Europa se instalam aqui, alguns chegam a montar impérios comerciais, outros não tem tanta sorte. Há um mercador em especial nesta parte da cidade, um vendedor de tecidos, não um simples vendedor, pois ele é tão malicioso e traiçoeiro quanto uma serpente do Nilo, seu veneno é fatal até para os mais nobres cavaleiros. Ele não usa espadas ou ostenta brasões em campos de batalha, seu poder vem de um deus que percorre os desertos da África. Foi dito que seu sangue deveria servir ao deus serpente e assim ele renascerá.


Ah! A Cavalaria, quantas historias temos para contar, quantos heróis povoaram o mundo sob o brasão de seu Senhor. Aqui está mais um... Que forma de descrevê-lo, mais um! Outros heróis morreram em combate, de doenças ou em suas camas acariciados pelo tempo. Entretanto, o herói que vos digo é imortal. Seria tanta gloria para ele ser imortal e não poder ser lembrado como herói e sim como aberração? Seria tanta honra para ele lutar em prol de seu senhor que desapareceu a mais cinco séculos? O que pensar da Imortalidade então? Maldição. É a única palavra a ser considerada real ao cavaleiro imortal. Contudo, ele ainda ostenta um pouco de sensibilidade, pois na noite que vos descrevo, esta maldita criatura repousa sentado em sua poltrona à frente da lareira de sua mansão, o como se não bastasse sua arrogância, esta a ensinar erudições a sua jovem filha... Filha? Sim, são os laços humanos, estão por correr em suas veias... Até quando?